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Everybody lies

Além de calar, é possível mentir. Impunemente. Não sei. Não vi. Não fui eu . Mesmo sob juramento. Aquele, ele fez sem que ela pedisse. O homem suave. A voz grave, cheia de ar. Uma promessa sussurrada. Natimorta. Ele faz questão. Apesar da ameaça. Dela. Você vai me perder. De novo. Na promessa, a incapacidade. Everybody lies . Filosofia de seriado de TV. Ele não sabe do doutor. Nem de si próprio. Então mente no próprio prometer. Deixando transparecer a patologia. Ainda sem prognóstico. Sintoma preocupante. De caráter. Do pior, fatal.   Na intimidade, a mentira ainda pode ser doce. Rêveuse . Revés. No Tribunal do Júri, a mentira ainda pode ser escancarada. A mãe. O réu. A testemunha. Tão gostosa e à mostra. Os ombros, a barriga, a falta de pudor. 

121 de dois

Nos corredores do Fórum ninguém diz: cometeu 121. Foi 121. Inocentado de 121. 121 com qualificadoras. 121 pede “artigo”, não se deixa tomar assim, nu. No Código Penal brasileiro, o crime, artigo 121, é definido por duas palavras: matar alguém. Depois se seguem os vários parágrafos e incisos sobre culpabilidade, qualificadoras e penas. Já o artigo 171 é pop. Está no Houaiss com hifens. Um-sete-um. A definição do crime demanda muitas palavras mais:   obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. A pena não é pequena:   reclusão, de um a cinco anos, e multa.   Um aparente excesso, se para 121 culposo a pena é de um a três anos. Paradoxal. Chamar o outro de um-sete-um pode ser 121. Para o afeto e a confiança. Aquilo que poderia se constituir entre dois.