Uma outra, de ouro - Jardim das delícias, coluna site Revista da Cultura
Em “Fim de Caso”, de Neil Jordan, os personagens de um triângulo amoroso se molham muito - de chuva e de lágrimas. Por aqui, já é verão, mas não chove. Nada de temporais de fim de tarde, de céus ameaçadores. Não. No texto, o Natal é seco, de neve de mentirinha, de afeto de verdade. Sem chuva nem lágrimas, um encontro de ex-amantes. Ficção multiplicada. Como se isso pudesse existir: um ex-amor. “Love doesn’t end”, do meu favorito, Michael Nyman. Uma outra, de ouro Ela chega na hora. Ele chega adiantado. Como sempre. Desta vez, espera na pequena mesa próxima à porta. Para não deixar de vê-la. Como se pudesse. Distraído pelo jazz ao fundo. Ela chega, eles se abraçam. Finalmente. Após dias sem conta. A mulher quer ficar. Ali. Se gosta da temperatura daquele corpo. Se gosta do temperamento daquele homem. Que esquecesse. O vácuo onde se vira deixada. Antes. Ignorante, ignorada. A outra. Mudam de mesa. Ela, de frente para um espelho. Mas os olhos querem se ocupar só del