O filho do pai - Jardim das delícias - site Revista da Cultura
Algumas heranças não entram em inventário, não são alvo de disputa. Difícil precisar se poderiam ser também escolhas, eleições em resposta à rejeição e ao abandono, reação inconsciente diante de um incompreensível e inaceitável desamor. Um outro adicto na interpretação memorável de Jack Lemmon em “The days of wine and roses”, de Blake Edwards, com música de Henry Mancini para a letra de Johnny Mercer: “The days of wine and roses laugh and run away like a child at play Through a meadow land toward a closing door A door marked ‘nevermore’ that wasn't there before” O filho do pai Batem na porta. É madrugada. A mulher sabe. Ali. Sentada no sofá. É ele. Sabia e esperava. Mas ela não abre. De medo. Da violência. A boca seca. As mãos frias. Ela, ali. Quieta, sentada na escuridão. No breu desses seus dias. Dessas noites tão longas. De pressão oscilando. Alta de preocupação. Baixa de vontade de morrer. É. Ela não abre para não ver aqueles olhos. Azuis como os de