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mão seca de mãe - Jardim das delícias - site Revista da Cultura

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Meu gato dá cabeçadas, mordisca meu braço pedindo cafuné. Em momentos de maior empolgação, morde como se eu fosse sua fêmea. Carinho conquistado então à custa de alguma dor e marcas de dentes pontiagudos. Entre as pessoas, os gestos de demanda por afeto são infinitamente mais sutis e variados – por vezes, também dolorosos. Na carne de dentro, cicatrizes que têm algo de pinturas rupestres, almejando contar uma história, fazer perdurar emoções e sentidos que também nos constituem e que, de alguma forma, também podem nos definir. Angustiados gestos de afeto dos meus últimos dias: a mãe de “A salvo de nada”, livro de Olivier Adam, e “Pais e filhos”, de Hirokazu Kore-Eda. mão seca de mãe A mulher olha para suas mãos. Uma velhice. Só das mãos. Rugas e manchas, os dedos nodosos. Como podia isso. Com a sua idade. Se nem tanto trabalho. O marido e as crianças. A casa. O quintal sem plantas nem caca de cachorro. Nada para lanhar assim. As mãos, aquele couro. Envelhecendo e encarqu...