Uma mulher menina brava - Jardim das delícias - site Revista da Cultura
A raiva é a mais patente das máscaras da fragilidade. Ainda que se alvorace de muito rugido e cara feia. Sem vacina nem baba espumante, é moléstia que, em vez de somente causar, germina da própria dor. De desespero e desamor, a raiva se posta à frente como escudo. Como se pudesse proteger, anestesiar. Empreitada fadada ao fracasso. Ainda que em meio à fantasia de cavaleiro andante. Na ilusão de moinhos de vento. Sem nobres ideais nem poesia. Só esforço por surdez, mudez. Aquela dor. Esforço tão inglório. Do contemporâneo de Cervantes, John Downland - “Come again”, na versão de Sting e do alaudista Edin Karamazov: “Come again! that I may cease to mourn Through thy unkind disdain; For now left and forlorn I sit, I sigh, I weep, I faint, I die In deadly pain and endless misery.” Uma mulher menina brava Ainda menina, aprende. Aquela braveza. A cara de má. O olhar duro. A raiva em bomba, explosiva. E parece mesmo funcionar. Se meninos e meninas correm. Em fuga. Ela,