Dois empréstimos. Para este, de um colega. Para pagar sem emprego, cata latinhas. Vasculha latas de lixo. Lanchonetes, bares, lixeiras quebradas penduradas nos postes. Bom mesmo é fim de festa. Difícil. E tem ainda a concorrência. Outros velhos e mulheres. Antes tinha vergonha. Agora pode dizer que está ajudando o planeta. Hum. O seu pequeno mundo tinha que vir antes. Respirar e sobreviver. Alguma dignidade de banhos e roupas. Difícil também. Mas se é tão pouco. Isto, do que precisa. Mais do que gostaria. Seria bom fazer como as plantas. Respirar o sol e o tempo. Beber chuva. Ficar ao relento sem pegar gripe nem pulgas. Uma noite. Já pouca, quase dia. Na lixeira de um prédio. Teve festa. De criança. Além de garrafas e latinhas, salgadinhos com chantilly. O bolo amassado. Clarinho, com morangos. Tinha também outros sacos. Um era preto e pesado. Ele abre. Tanta carne. Crua. Aos pedaços. Grandes e pequenos. Partes de membros. Ossos aparentes, brancos. Tanto sangue. Uma cabeça de ...
Comentários
Postar um comentário