crac crac

Rixa antiga. Desafeto encarquilhado pelo tempo. Feito conserva no pote. Fechada só com o tempo. Uns 20 anos. Pelo menos. O sabor apurou. E então o gosto foi mesmo bom. De vingança. Depois. Agora, só um comichão doido. Logo quando soube. No mesmo dia. Ele voltou. É. À terrinha de 35 mil indivíduos. E só diminuindo. O povo vai embora. De morte ou de partida mesmo. Os que ficam se conhecem. E aí a fofoca é bicho mais que solto. É. Vai esperar. Um dia ele cai. Claro. Aí vai ser comigo. Que graça. Pensou. Armou. E espera. O desafeto é passarinho. Fracote. Quer apertar e sentir os crac crac das asinhas quebrando na mão fechada. Não pense que vai voar assim pra sempre, não. Um dia. Claro. Logo. E assim foi. Numa noite, esperou de perto, tocaia.
Passarote se achando mesmo muito bacana. Muito paulista. Sei. E aí ele bebeu. Dirigiu. Foi só dar o bote. A voz de prisão. Grossa, segurando o riso. A carteira de polícia e o berro. Ali no meio do nada. Bicho de orgulho, o coitado rebelou-se. Azar. Pior pra você. Crac crac. Na delegacia foi um acontecimento. Indivíduo perigoso. Devia dar no jornal. Se tivesse. Pra quê notícia no papel. Se tem fofoca. É de graça e rápida que nem corisco. Ligou pros companheiros de São Paulo. Cheio de importância. Ah, mas aí foi a mega-sena premiada. E não é que ele tem processo? Bicho foragido. Tem uns 20 anos. Logo que voou daqui. Logo cagando por lá. O crime é conserva no pote. Apurando sem caducar. Solta então um delivery de mandato. Gaiola com alpiste de primeira. Crac crac. Quero ver agora passarote voar pra tomar o que é dos outros. A mulher, por exemplo. Sei. Eu é que não vou dar um pio. Só deleite. Porque eu sou outro tipo. Mais pra elefante. Bicho sem esquecimento. E não é que é também sem mão? Que pena, hem. Mentira deslavada. Crac. Acabou-se.     

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cuidado, frágil!